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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Perguntar, jamais! - Por Márcio Alemão

Fonte: Carta Capital 

Perguntar, jamais!  Nós, homens, não pedimos informações. A história esconde, mas Pedro álvares que o diga 

“Estamos no ano de 1500 e o comandante Pedro Álvares Cabral, depois de girar o timão para a esquerda e para a direita, decide largá-los aos cuidados do timoneiro e passa a caminhar cabisbaixo pelo convés. Os homens, aqueles com gengiva intacta, que não haviam contraído escorbuto, comentam que ele estaria chateado porque não deixaram que o nome de seus barcos fosse divulgado para os repórteres e professores de história da época, ao contrário do colega Cristóvão e seus famosos Santa Maria, Pinta e Nina. Outros, todavia, garantem que o comandante há muito perdeu o rumo para as tais Índias. 

E agora revelo a vocês um momento que a história jamais se atreveu a mencionar. Foi numa tarde de um fresco fim de março que Pedro, o Álvares, estava debruçado na prancha assoviando um fado quando ouviu uma algazarra qualquer a boroeste. Pensou em desembainhar sua luneta, mas nem sequer foi preciso. Uma grande caravela escondeu o sol atravessando sua frente e seu comandante saudou nosso descobridor: 

- Salve, comandante!  Estamos regressando das tais Índias. Em algo posso vos ajudar? 

Neste momento a mulher de Cabral deu-lhe umas cotoveladas dizendo: 

- Pergunta. Pergunta pra ele como é que a gente chega lá!  Pergunta, Pedro!  Pergunta! 

Mas o velho comandante, como manda a tradição, simplesmente agradeceu dizendo: 

- Tudo jóia.  Valeu

(…) 

Nós, homens, preferimos descer sem querer em terra de silvícolas comedores de bispo ou até passar fome. Perguntar, jamais!”

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