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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Agora tem dono.

Agora tem dono. Foto: Lucimar F. Siqueira


Toda vez que surgem notícias de situações de violência em favelas, imediatamente se faz referência à ausência do Estado nestes lugares. Mas há muito que pensar e discutir. Não somente sobre a ausência, mas, também, sobre a presença do Estado nas áreas carentes das cidades.

A foto acima mostra a presença do Estado na Vila Dique em Porto Alegre, uma das áreas diretamente atingidas pela ampliação da pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho. 

Entulhos foi o que sobrou das casas dos moradores que agora estão reassentados, vivendo de aluguel social ou acomodados em casas de passagens no local do reassentamento porque a construtora não está cumprindo com o cronograma. Os muros levantados pela Infraero protegem a área de novas ocupações. A polícia reforça a proteção do local, dos políticos e representantes de governos no ato de transferência da área para a Infraero ocorrida na tarde do dia 22/01/2011. "Hoje ou amanhã a Infraero pode começar as obras. Mas não deixe para depois de amanhã pois pode haver outra ocupação aqui!", declarou Humberto Goulart, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB). Se ouvimos isto do principal responsável pelo setor habitacional da Prefeitura de Porto Alegre o que se pode esperar de outros setores, como o imobiliário por exemplo? Não restam dúvidas de que Estado (e que governo) estamos falando. A declaração carimbou que o mais importante é o cumprimento dos acordos intergovernamentais que viabilizam os negócios e a capitalização política advinda desse ato e não a questão habitacional e preocupação com as condições de vida dos moradores da Vila Dique. Como bem lembrou o Prefeito Fortunati em seu discurso "A Copa não é futebol. É negócio.".

Portanto, se a área foi liberada e os moradores saíram, que importa em que condições vivem agora?   

Conquista do território. Foto: Lucimar F Siqueira

Retirados os moradores, o Demhab honrou o compromisso de entregar a área para a Infraero. E o que acontecerá com as famílias que ficaram na Vila Dique por não estarem na área das obras da pista? 












    Foto: Lucimar F. Siqueira


Lucimar Fatima Siqueira, Geógrafa.

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