Perguntar, jamais! Nós, homens, não pedimos informações. A história esconde, mas Pedro álvares que o diga
“Estamos no ano de 1500 e o comandante Pedro Álvares Cabral, depois de girar o timão para a esquerda e para a direita, decide largá-los aos cuidados do timoneiro e passa a caminhar cabisbaixo pelo convés. Os homens, aqueles com gengiva intacta, que não haviam contraído escorbuto, comentam que ele estaria chateado porque não deixaram que o nome de seus barcos fosse divulgado para os repórteres e professores de história da época, ao contrário do colega Cristóvão e seus famosos Santa Maria, Pinta e Nina. Outros, todavia, garantem que o comandante há muito perdeu o rumo para as tais Índias.
E agora revelo a vocês um momento que a história jamais se atreveu a mencionar. Foi numa tarde de um fresco fim de março que Pedro, o Álvares, estava debruçado na prancha assoviando um fado quando ouviu uma algazarra qualquer a boroeste. Pensou em desembainhar sua luneta, mas nem sequer foi preciso. Uma grande caravela escondeu o sol atravessando sua frente e seu comandante saudou nosso descobridor:
- Salve, comandante! Estamos regressando das tais Índias. Em algo posso vos ajudar?
Neste momento a mulher de Cabral deu-lhe umas cotoveladas dizendo:
- Pergunta. Pergunta pra ele como é que a gente chega lá! Pergunta, Pedro! Pergunta!
Mas o velho comandante, como manda a tradição, simplesmente agradeceu dizendo:
- Tudo jóia. Valeu!
(…)
Nós, homens, preferimos descer sem querer em terra de silvícolas comedores de bispo ou até passar fome. Perguntar, jamais!”
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