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domingo, 26 de maio de 2013

Em busca do espaço perdido - Armando Corrêa da Silva

do artigo: 
(Geografia e Método)


Loucura é razão sublime
para um olho perspicaz.

Muito Juízo é pura
e simplesmente loucura.

A opinião da maioria
nisto em tudo prevalece.

Se concordas, és sensato.
Discordando – és perigoso.
E acorrentado no ato.

Emily Dickinson

(Poemas)

A ideologia do cotidiano se forma na vivência do espaço e do tempo que é, antes de tudo, o “ver”. Mas, trata-se de um ver com os olhos da teoria, vale dizer, a visão é interior, porque já carregada de significados. A objetificação dos significados transforma o ver interior no olhar que seleciona, classifica, identifica, etc.

Perceber o espaço é dar-se conta do opaco, do transparente, do translúcido, do contorno, dos ângulos, da dimensão, da distância, do tamanho, do contínuo, do limitado, do obstáculo, da ausência de obstáculos, etc. No entanto, pensar o espaço defronta-se com a espacialidade, da qual tudo o que se disse é aparência. Mas, a espacialidade não é apenas dos objetos. Há o espaço do corpo e seus prolongamentos. Há também o espaço da mente. Como o tempo e o movimento, o espaço é fundante do existir, e, portanto, do pensar. Sendo assim, ele é algo físico, uma “coisa”, e é algo social, algo criado pelo trabalho. O primeiro, precede a existência humana; o segundo, nasce da valorização do natural como fonte de vida. Mas, essa constatação é resultado, desde logo, do pensar o espaço. Pensá-lo como dado e pensá-lo como artefato que a mente projeta.

O espaço do cotidiano é, em primeiro lugar, o espaço da gravitação, que dá origem ao vertical, ao horizontal, ao plano, ao declive, ao aclive, à postura ereta, ao equilíbrio, ao desequilíbrio. Esse espaço é trabalhado pela cultura. Esta o percebe como agradável, desagradável, onírico, pesado, leve, base, conteúdo, atributo, mágico, feio, bonito,vazio, repleto, ocupado, desocupado, livre, aberto, etc.

O espaço é o real e o imaginário.



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