COMENTÁRIOS À NOTA DE ESCLARECIMENTO DA PREFEITURA DE PORTO ALEGRE – CASO ARENA DA OAS X MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
Eu,
Jorge Tadeu Conceição de Souza, Conselheiro Suplente do
CMDUA-Região 2, tomando conhecimento da manifestação da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, referente às notícias, envolvendo
Ministério Público Estadual e a OAS, relativas as obras do entorno
do empreendimento (ARENA DA OAS),
inconformado com o pífio esclarecimento, venho com a legitimidade
que me confere a condição de cidadão desta cidade, e morador na
área prejudicada pelo obra, tecer alguns comentários com relação
à “Nota de
esclarecimento apresentada pela Prefeitura Porto Alegre.”
Nota de
esclarecimento da prefeitura
17/01/2013 20:54:25
A Prefeitura de
Porto Alegre, em atenção à notícia divulgada pelo Ministério
Público Estadual acerca da Arena do Grêmio esclarece e informa o
que segue:
1. O projeto Arena do Grêmio é um grande empreendimento, não apenas do clube, mas da cidade de Porto Alegre e teve tratamento como tal no processo de aprovação municipal, tendo sido precedido de lei autorizativa, estudos ambientais (EIA/RIMA), referido pelo MP em sua nota, e licenciamento ambiental.
1. O projeto Arena do Grêmio é um grande empreendimento, não apenas do clube, mas da cidade de Porto Alegre e teve tratamento como tal no processo de aprovação municipal, tendo sido precedido de lei autorizativa, estudos ambientais (EIA/RIMA), referido pelo MP em sua nota, e licenciamento ambiental.
O
dito projeto não é do Grêmio, e sim da OAS, e para
afirmar isso, não precisa ser um advogado com profundos
conhecimentos jurídicos inerentes a contratos (eu tenho cópia do
contrato Grêmio/OAS). Por isso, entendo que não há de se falar em
arena do Grêmio, e sim Arena da OAS, um empreendimento
privado, altamente lucrativo, que benefício nenhum traz a população
do entorno, salvo a dois ou três comerciantes.
Os
demais moradores, em sua grande maioria, estão prejudicados na sua
mobilidade urbana, no ar que respiram, na sua tranquilidade, eis que
afetados pela poluição ambiental e sonora, além do que, tiveram as
vias públicas do bairro demolidas, principalmente a Av. Leopoldo
Brentano e João Pedro Boéssio, devido ao trafego pesado dos
caminhões envolvidos na construção da obra.
2. O Termo de Compromisso que integra a aprovação do empreendimento envolve uma série de outras interações e participações na questão, incluindo-se os recursos federais destinados por emenda parlamentar, obrigações da OAS e do Município de Porto Alegre, tendo em vista o esforço gaúcho para obtenção de um equipamento dessa natureza e o ganho efetivo que representou para a cidade.
Na
verdade, o Termo de Compromisso contém uma série de obrigações,
que ficavam a cargo da OAS, tais como medidas compensatórias, em
prol da população do entorno, não atendidas, e por isso cobradas
pelo Ministério Público. Aliás, o Termo de Compromisso original,
não previa emenda parlamentar para realização de obras no entorno.
Como agora vem poder público, estadual e federal, capitaneados pela
Prefeitura de Porto Alegre, tentar perdoar a construtora colocando
dinheiro público na sua execução das obras que não são de
interesse público, e sim privado, ou seja da OAS, que no local, além
de de sua ARENA, está construindo dez torres de doze andares, com
apartamentos para pessoas de classe “A”.
Tal
fato, mal comparando, é a mesma coisa que eu resolver construir um
hipermercado na divisa de Porto Alegre com Viamão, lá nos altos do
Canta Galo, e exigir que o poder público asfalte as vias de acesso,
desde o Lami, Lomba do Pinheiro, Belém Novo e Belém Velho, até o
local mencionado, para viabilizar a lucratividade do meu
empreendimento privado.
De
outra Banda me faz rir o final da frase “tendo em vista o
esforço gaúcho para obtenção de um equipamento dessa natureza e o
ganho efetivo que representou para a cidade.”
Ora,
isso não é verdade. É um argumento sofrível para ser usado na
defesa dos interesses da OAS, tendo na medida em vista que os gaúchos
habitam todo o Rio Grande do Sul. E qual o interesse dos gaúchos de
de São Borja na construção da Arena da OAS. Quem sabe os gaúchos
de Vacaria, de Bojurú, São José do Norte, Mormaço, e muitas
outras grandes e pequenas cidades do nosso Pampa, que interesse
teriam?
Ora
Sr. Prefeito Fortunatti, os gaúchos não fazem esforço para obter a
construção de um empreendimento privado, como essa Arena da OAS,
no qual todos pagam entrada, onde nada é de graça, e onde
nem mesmo mão de obra gaúcha foi usada em sua edificação.
Muito
pelo contrário, os gaúchos querem que o dinheiro público seja
destinado à construção de hospitais, creches, escolas, saneamento
básico, e estabelecimentos para internação e tratamento de
dependentes de crack, tragédia que afeta milhares de
famílias gaúchas.
E
os gaúchos de Porto Alegre, principalmente os moradores das
proximidades, da Arena da OAS, além dos itens, antes elencados,
querem as casas, prometidas na audiência do Orçamento
Participativo, para alocar os moradores da Vila Liberdade, Beco X;
e querem, ainda, a edificação dos conjuntos Barcelona I e II,
também aprovadas no Orçamento Participativo e prometidas pelo
Prefeito, para serem realizadas na Av. José de Aluísio Filho.
3. A Prefeitura de Porto Alegre prestará todas as informações necessárias para esclarecer os fatos que já são públicos, bem como disponibilizará os documentos que demonstram a regular tramitação do processo no âmbito municipal.
Com
relação a disponibilização dos documentos, seria de grande
utilidade, para fins de esclarecimento da população, que a
Prefeitura publicasse a ata da audiência pública do dia 22 de abril
de 2010, localizada na Escola Santo Inácio, bem como o documento
relativo ao processo Administrativo, Secretaria Planejamento
Municipal – CAUGE 02.261358.00.1.07869. No mesmo sentido que a
prefeitura apresente o documento onde conste que, na época da
audiência, estava prevista qualquer emenda parlamentar para
realização de obras de inteira responsabilidade da OAS.
4. O resultado da soma de esforços é concreto e está sendo usufruído pela população porto-alegrense, desde a festejada inauguração da Arena do Grêmio.
Prefeito,
com relação a ARENA DA OAS, a população de Porto Alegre não
está usufruindo, e nem usufruirá, tendo em vista que, como já
referido, ali nada é de graça. E mais, a maioria esmagadora do povo
do povo de Porto Alegre não vai a estádios de futebol, o que se
confirma pelas estatísticas de presenças em jogos, onde a média é
10 mil pagantes, número ínfimo se comparado ao número de
habitantes de Porto Alegre que possui um milhão e seiscentas mil
almas.
5. A Prefeitura entende ser essa a postura que deve ser adotada com empreendimentos desse porte, relevância e grandiosidade e que agregam qualidade e mais projeção para a nossa cidade.
A
postura da Prefeitura de Porto Alegre está equivocada, e contrária
ao interesses da cidade de |Porto Alegre. Não se deve enfiar
dinheiro público em empreendimentos privados, pois isso é crime. E
com relação a projeção de nossa cidade, tenho por certo que ela
teria mais sucesso, se resolvesse o problema da saúde, das creches,
do saneamento básico e da educação. Mas isso jamais ela
conseguirá, enquanto estiver colocando dinheiro público, para
realização de obras de responsabilidade privada, tais como a
entorno da ARENA DA OAS, que conforme documento firmado em audiência
pública, teriam que ser realizadas pela dita construtora
Construtora.
Assim
a nota de esclarecimento do Prefeito, que foi mais uma defesa
realizada pela Prefeitura, aos interesses da OAS, não me
convenceu.
Mas,
tendo a OAS presenteado o Prefeito com mais de meio milhão de reais
para sua campanha eleitoral/2012, entendo que a tal nota é, talvez,
uma compensação do Prefeito, para “aliviar” a
Construtora, e doadora de sua campanha, das medidas
compensatórias a que ela se obrigou em audiência pública
22/04/2012, e que o Ministério Público Estadual entende que
devem ser cumpridas e realizadas sem o dinheiro do povo.
Por
derradeiro, entendo que se a OAS, em vez de presentear o
prefeito com meio milhão de reais para sua campanha,
tivesse usado o referido valor para abater e honrar parte de seu
compromisso assumido em audiência pública, tenho que pelo menos a
implantação da pista leste oeste da João Pedro Boéssio estaria
concluída.
Porto
Alegre, 18 de janeiro de 2012.
Jorge
Tadeu Conceição de Souza,
Conselheiro
Suplente do CMDUA – Região 2
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